Muita gente tem levado à risca o ditado que diz que se conselho fosse bom ninguém dava, vendia. Na última década, o número de profissionais dedicados a oferecer ferramentas para melhorar a vida aumentou em todo mundo. Conhecidos genericamente como coaches, eles oferecem uma variedade de serviços desde organização doméstica, recolocação de carreira a questões espirituais.
Segundo uma recente matéria no blog da Oprah, apenas nos Estados Unidos, existem mais de 23 mil coaches que prometem ajudar a alcançar objetivos pessoais bem específicos como problemas com amigo, ou se alguém estiver se sentindo empacado na vida. Eles também são chamados de terapeutas, facilitadores, instrutores ou consultores.
É preciso fazer uma diferenciação importante com os chamados life coaches certificados, chancelados por institutos para formação desses profissionais.
Ainda que muitos não exibam um certificado de uma escola ou instituto, os talentos individuais não devem ser desprezados. Muito pelo contrário, o maior acesso à informação e o compartilhamento de saberes é uma das maravilhas dos novos tempos.
Sou cliente de coaches maravilhosos, desde psicólogos com pós-doutorado até pessoas que descobriram um dom e o aperfeiçoaram mesmo sem a chancela de uma escola.
Vou ser obrigada a registrar o óbvio: que não é um diploma ou certificado que garante a qualidade do profissional.
Infelizmente, digo por experiência própria, coleciono histórias pessoais e de amigos, de encontros nada satisfatórios, frustrantes e até perigosos para a saúde mental.
Resumo aqui os 5 tipos tóxicos de ‘coaches’ que são comuns do que deveria.
1. O que não escuta
Você começou a falar, nem teve tempo de organizar os pensamentos, mas o já diagnóstico está pronto, e muito bem documentado. A partir daí, só resta ouvir todas as teorias que, pelo visto, a pessoa estava louca para jogar em cima de alguém, e você foi a vítima!
Quem nunca passou por isso?
Eu já passei por isso várias vezes e já presenciei diversas situações com colegas.
O exercício da escuta não começa no trabalho como coach. Começa muito antes, apenas por educação ou para entender de fato de que se trata a situação. Numa relação terapêutica (usando a palavra de forma genérica sem fazer associação com terapias convencionais) a escuta é o item fundamental. Digo, com toda a certeza, que em muitos casos, é o único que importa.
Não sou terapeuta, mas no meu trabalho como consultora energética e instrutora de meditação mantenho total atenção aos relatos das pessoas.
Inúmeras vezes percebi que apenas a escuta ajudou a trabalhar as questões que eram trazidas para as consultas.
2. Só fala clichês
Ainda que cada profissão tenha suas expressões próprias e vocabulário específico, diagnósticos e conselhos que exageram no lugar-comum apenas atestam que realmente o coach não sabe ouvir ou não sabe do que fala.
Na maioria das vezes, quem consulta um coach, já buscou outras alternativas, já leu a respeito do problema para o qual busca solução. Ou seja, ela já leu ou ouviu todos os clichês sobre o assunto.
No meu caso, preciso confessar que quando ouço alguém falando que o perdão e a gratidão são a chave de tudo, meu cérebro reptiliano liga o alerta do ‘foge’.
3. Coloca metas não-realistas
No melhor dos mundos, o coach pratica aquilo que prega. Portanto, se tem alguém com autoridade para dizer como você pode superar com maestria um desafio ou se transformar na melhor versão de você mesmo, é ele, com certeza. Mas colocar o ideal como meta é algo que nós fazemos naturalmente, não precisamos de um especialista.
Ignorar os passos necessários ou uma meta realista para o cliente é receita certa para tudo dar errado. E, pior, para desmotivar a pessoa para novas tentativas futuras.
4. É sempre o centro da conversa
Muitos consultores são pessoas que enfrentaram o mesmo desafio que agora ensinam outros a superar. Isso não apenas legitima sua expertise como oferece detalhes importantes do processo, muito mais reais do que a informação tirada de um curso ou livro.
O problema é quando essa experiência se torna o centro da conversa e o problema real do cliente é ignorado. Pior quando o problema ou sofrimento é desprezado já que o do coach foi ‘muito pior’ e o cliente ‘não sabe o que é sofrimento’. Já ouviu algo parecido?
5. Ataca verbalmente
Sim, tem os que escolhem ‘falar a verdade na cara’ como uma boa estratégia. Já vi isso acontecer de maneira agressiva, o que fica óbvio. Mas o mais grave é que normalmente a agressão é feita com a voz em suave, com palavras que tentam disfarçar a real intenção de ferir e atacar. Esse tipo de coach-sociopata costuma ser muito hábil com as palavras, criando uma verdadeira confusão mental. Normalmente, apenas um tempo depois é que a pessoa se deu conta do quanto foi agredida.