Todo mundo só fala dos benefícios, do estado interior de paz, da calma, da alegria. Muitos também enfatizam as sincronicidades que você começa a atrair quando passa a viver em estado de sintonia com o universo. Tudo isso é verdade. Mas o que ninguém conta são os perrengues que também envolvem a motivação para práticas espirituais.
Fazendo cursos de autoconhecimento e participando de processos místicos desde os 9 anos de idade, eu tenho tanta história ruim pra contar que espantaria o mais devoto praticante de qualquer linha espiritual.
Agora, ensinando meditação e outras técnicas para pessoas percebo que o principal desafio não é aprender, mas sim permanecer e tornar a prática parte da rotina, de forma consistente.
A maioria começa mas desiste ao menor sinal de dificuldade ou quando aparecem outros problemas. Já ouvi muito ‘Ah, tentei mas não vi resultado’, ‘Comecei mas nada mudou na minha vida’.
Todo mundo, de alguma maneira, ainda associa práticas espirituais a uma espécie de acesso a um universo mais elevado de onde apenas coisas positivas e boas vibrações podem vir. Não é assim.
Se você já tentou meditar ou se engajou em alguma outra prática ou técnica e desistiu porque achou que não estava funcionando, eu quero compartilhar parte da minha experiência.
Saiba que o caminho tem partes feias
Muitas pessoas desistem porque se sentem constrangidos, envergonhados quando precisam entrar em contato com assuntos doloridos, traumas, erros cometidos. Pra começar, evoluir não é fácil. É preciso coragem e determinação para encarar coisas nada legais a nosso respeito, a respeito dos outros e assumir nossa parcela de responsabilidade pelos problemas que acumulamos ao longo da vida. Mas saiba que ninguém (ninguém mesmo) é perfeito e que conhecer suas falhas não te torna mais vulnerável nem fraco. Muito pelo contrário, traz serenidade para encarar os desafios e ajuda a dar o peso e importância corretos aos problemas.
Entenda que você vai se decepcionar
Sim, você vai se decepcionar. Com você e com os outros. E muitas vezes ao longo da jornada. Você vai se decepcionar por não atingir resultados esperados e também vai questionar a sabedoria ou capacidade do seu professor ou mestre quando perceber que ele é apenas humano, assim como você. Enquanto buscamos explorar nossa natureza divina, não podemos esquecer que evoluir é uma jornada.
Aceite que vai conhecer pessoas horríveis também
Sim, muito mais do que pessoas que te inspiram e te ajudam. Você vai conhecer pessoas que tentam mascarar suas falhas dizendo que são evoluídas, vai se deparar com outras que querem te dominar clamando serem ‘espirituais’ e vai conhecer gente louca também. Não deixe que isso atrapalhe sua jornada. Respire fundo, afaste-se do que te fizer mal e siga em frente. Tenha fé e carry on!
Saiba que é normal mudar de prática
Existe uma prática certa para cada pessoa. Só experimentando você saberá qual é a melhor pra você. Se algo não fizer sentido, não tenha receio em mudar. Não desista porque não se encaixou em algum modelo. Os tempos são favoráveis para explorar aulas, cursos, práticas, conhecimentos já que os conteúdos disponíveis online se multiplicaram no último ano.
Motivação para práticas espirituais: Aprenda que consistência não significa rotina rígida
Consistência tem mais a ver com um estado interno do que com estabelecer uma rotina militar. Faça sempre o possível, da melhor maneira possível. Não se prenda a modelos rígidos de práticas. Eu já me comprometi a rotinas malucas para encaixar meditações, rituais e aulas na minha rotina, o que acabava me deixando mais estressada e comprometia os resultados que poderia obter com as práticas. Também sou contra regras que dizem que existe um horário certo para fazer algo. Eu, por exemplo, não faço a mesma coisa todos os dias. Tento encaixar minhas práticas na rotina entre família e trabalho. E assim funciona muito bem. Encontre seu modelo.
Aceite a rotina e as mudanças
Em alguns momentos da vida, é preciso se dedicar a certos assuntos, seja trabalho, seja família, e não sobra mais tempo pra nada. Ou você pode precisar apenas de uma mudança de atividades. Não tem problema interromper uma prática, parar um estudo, dar um tempo. Dar um tempo é saudável. Muitas vezes nesses momentos de pausa conseguimos avanços importantes e temos insights relevantes.
Aceite que o progresso não é eterno
Aprenda a jogar fora, sem dó
Precisamos aprender a jogar fora o que não usamos mais. Isso também vale para conhecimentos. Não é porque você aprendeu ou praticou algo durante uma certa fase da vida, que precisa reservar um espaço para guardar isso na memória. Descarte, esqueça, apague, delete. Abrir espaço para coisas novas é necessário também na mente e na alma.
Saiba que praticantes experientes também sofrem
Você pode estar engajado em práticas meditativas, ter feito diversos cursos de autoconhecimento, rezado a vida toda, participado de inúmeros processos místicos, mas, mesmo assim, vai continuar tendo altos e baixos, se deparando com realidades internas nada agradáveis e precisando lidar com conflitos que acontecem naturalmente na vida. Saiba que mesmo após uma grande jornada, dor e sofrimento vão aparecer. Isso é natural. O que aumenta é a capacidade de recuperação, a resiliência, a capacidade de aceitar a realidade e as nossa limitações. Mas as dores sempre virão te visitar. Essa é a realidade.
[…] desafiar o santo, fazer simpatias é algo muito comum no mundo todo. São como se fossem pequenos rituais que fazemos, a todo o momento, mesmo sem […]