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Técnicas de harmonização de espaços são utilizadas há séculos como suporte em situações da vida, como carreira, prosperidade e relacionamento. Segundo o Feng Shui, cada área da casa está relacionada a um aspecto da vida, identificadas a partir da colocação de uma figura de oito lados sobre a planta baixa da casa.
De acordo com a escola do Budismo Tibetano do Chapéu Preto, o baguá é alinhado com a porta de entrada da casa para identificação dessas áreas. (Confira na imagem abaixo)
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A posição da porta de entrada, a localização dos cômodos, a localização do fogão e dos banheiros e a posição de alguns móveis são fundamentais para analisar o fluxo da energia vital que percorre os ambientes.
São vários os fatores que influenciam a ‘saúde’ dessas áreas, incluindo fatores estruturais e invisíveis, como linhas magnéticas no solo ou a posição de redes elétricas ao redor da casa. Sem falar nos campos eletromagnéticos gerados por torres de celulares e redes de wifi.
Especialistas analisam uma série de fatores e, principalmente, conversam com seus clientes para entender as situações pelas quais estão passando e, então, sugerir as curas adequadas.
Pelo menos é assim que deveria ser.
Mas, com a popularização das técnicas, é muito fácil encontrar sugestões de como melhorar o fluxo de energia na casa. Infelizmente, muitas vezes o tom é catastrófico e você vai encontrar recomendações de que a posição do seu sofá é diretamente responsável pela sua sorte ou azar na vida.
Muitos consultores também, impactados pelas informações que receberam em cursos, querem ir logo explicando todos os problemas que podem acontecer se as configurações da casa não estão de acordo com o manual que aprenderam.
Na ânsia de ajudar, consultores acabam despejando uma enxurrada de informações, criando demanda para várias mudanças nos ambientes. Resultado: clientes sobrecarregados com uma lista de afazeres (e que demandam investimento financeiro também) e impressões negativas sobre o lugar que irão constantemente impactar negativamente o estado mental da pessoa.
Vale lembrar que Feng Shui é (guardadas as devidas proporções) como a prática da medicina para o corpo. Explico: inúmeros fatores são conhecidos como possíveis causas de doenças. Por exemplo, uma dieta rica em açúcar e pobre em fibras coloca uma pessoa em maior risco para desenvolver diabetes. Ainda assim, nem todas as pessoas que têm uma dieta rica em açúcares desenvolvem diabetes. Outros fatores influenciam a saúde como um todo.
Isso é importante ser dito pois o mesmo acontece com a casa. Mesmo que existam áreas faltantes, ou estruturas consideradas desfavoráveis para o fluxo do “chi”, energia vital, pela casa, a maneira como as áreas da sua vida podem ser afetadas varia de pessoa para pessoa.
Essa informação é muito importante para uma análise adequada dos seus espaços e das curas que devem ser realizadas. O papel mais importante do consultor é o de fazer perguntas e entender quais são as necessidades da pessoa e da família naquele momento e como o Feng Shui pode ser usado como uma ferramenta favorável para ajudar na realização dos sonhos. Nunca, em hipótese alguma, o Feng Shui deveria ser usado para alimentar insegurança ou medo.
Infelizmente isso é bem comum, já que os chamados ‘especialistas’, por inexperiência ou preguiça, preferem apontar para todos os ‘defeitos’ de um lugar e vender soluções que muitas vezes não estão alinhadas com as necessidades da casa e da pessoa naquele momento de vida.
Repito: a casa é como o corpo. Ainda que fatores possam estar relacionados com doenças ou problemas no caso de uma casa, não é garantia que eles acontecerão.
Hereditariedade, estilo de vida, fatores ligados ao meio ambiente, acesso a rede de saúde, saúde mental etc., tudo pode influenciar na saúde geral e longevidade de uma pessoa.
Durante minha prática como consultora, já vi casas corretas do ponto de vista do Feng Shui em que as pessoas não estavam felizes, tampouco realizadas em todas as áreas da vida. Por outro lado, já vi famílias com casas ‘erradas’ cujos donos desfrutavam de carreiras bem-sucedidas e de uma excelente condição financeira.
Vamos aprofundar a analogia com uma consulta médica: imagine que uma pessoa esteja indo ao médico para cuidar de um problema digestivo. Um bom médico fará perguntas para entender a origem do problema, saber que fatores podem estar contribuindo para o desconforto e irá receitar mudanças na rotina e estilo de vida e possivelmente algum remédio para tratar a condição. Ele pode até passar outras recomendações gerais e apontar para outras questões mais importantes que identificar durante a consulta, mas não poderá afirmar que o paciente terá todos os problemas de saúde possíveis.
Fases e ciclos
Nada no universo é permanente. Essa frase bem conhecida faz parte dos ensinamentos em todo o mundo. Mas ainda que entendamos o conceito intelectualmente, na prática, ainda desejamos que as boas coisas nunca mudassem. Praticar o desapego e entender que passamos por diferentes fases na vida não é mesmo uma tarefa fácil.
Sempre que algo que não desejamos acontecer também e natural refletir sobre o que poderíamos ter feito diferente para mudar o resultado. Se colocamos o Feng Shui da nossa casa nessa análise é natural que vamos encontrar coisas que poderiam ter sido mudadas.
Mas além de entender que não temos controle sobre tudo o que acontece nas nossas vidas, é fundamental compreender o papel que nossas casas desempenham na cocriação do nosso destino.
Tudo o que existe no universo, visível e invisível, está em constante troca conosco. Assim como o sol e o ar são fundamentais para nossa sobrevivência, outros fatores mais sutis também estão interferindo na nossa vida e sendo influenciados por nós.
Assim é a casa. Mais do que interpretar os espaços como um mapa para o sorte ou o azar, é fundamental entender como mais um elemento que está em constante troca de chi com seus habitantes.
Isso significa que em momentos menos favoráveis, um bom Feng Shui pode ajudar a recarregar ou a reequilibrar as pessoas mais rapidamente ou a funcionar como um combustível extra em situações desafiadoras ou quando existe o desejo de superar algum obstáculo.
Entender essa dinâmica e refletir sobre essa troca ajuda na criação de ambientes saudáveis, com leveza, propósito e alinhado com o momento de vida.