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O que torna o lugar onde mora ideal? Que características satisfazem os desejos e necessidades de uma pessoa?
Um professor de psicologia e urbanismo da Universidade do Estado de Michigan analisou estudos realizados entre 1981 e 2018 e descobriu que gostar do lugar onde se mora tem mais a ver com experiências pessoais do que com características do local.
Zachary Neal revisou 27 estudos que envolveram mais de 250 mil adultos em 11 países e descobriu que o lugar tem pouca influência na percepção se o local de residência é bom ou não.
O professor estima que apenas 16% das pessoas se diz satisfeita devido às características do lugar, como boas escolas, calçadas e ruas bem-cuidadas ou outras características como vemos nos realities de compra e venda de imóveis.
Mas o que espera a grande maioria? Segundo Neal, para 84% das pessoas são a personalidade e a maneira de encarar a vida que define a percepção sobre o lugar de moradia.
Ou seja, uma pessoa normalmente otimista tende a gostar mais do lugar onde mora, independentemente das caraterísticas do lugar. Já o pessimista tende a ficar insatisfeito em qualquer lugar.
Em outro estudo analisado por Neal, ele percebeu diferença nas percepções de proprietários e locatários. Uma pesquisa feita em Los Angeles, em 2015, mostra que quem compra um imóvel é geralmente mais exigente em relação às características do bairro ou da vizinhança.
Neal também observou que o nível de satisfação de uma pessoa está ligado a fatores subjetivos, como saber que existem boas escolas no bairro ou ter boas memórias de experiências vividas no local.
Independentemente do motivo, a média de satisfação das pessoas em relação ao local onde vivem é de 7 numa escala de 0 a 10.
Outros estudos analisados pelo pesquisador mostram como o contato com a natureza pode alterar a percepção sobre o local onde moramos ou até mesmo ter impacto na saúde física e mental de modo geral.
Pesquisa de 2018 revela que o contato com áreas verdes traz benefícios à saúde e foi associado com a redução de índices de diabetes, derrames, asma e doenças cardíacas.
Pesquisadores da Espanha compararam o estado emocional de pessoas que podiam caminhar na praia ou próximo a lagos ou rios com outras que desfrutavam apenas de cenários urbanos. O contato com a água foi associado com aumento da sensação de bem-estar e bom-humor.
Entre 2011 e 2014, pesquisadores na Filadélfia, nos Estados Unidos, avaliaram os efeitos da criação de áreas verdes em 342 moradores de uma região. Os que passaram a morar perto desses espaços demonstraram redução em estados depressivos.