Chega o fim do ano e começam as listas de resoluções para o ano novo. Acho isso uma grande bobagem. Primeiro porque, na maioria das vezes, elas são baseadas em tudo aquilo que você não fez!
‘Não perdi peso’, ‘não aprendi inglês’, ‘não guardei dinheiro para fazer aquela viagem dos sonhos’, ‘não almocei com meus amigos todas as semanas’, ‘não li os livros que comprei’, ‘não comprei as roupas que queria’, ‘não troquei de carro’…. e por aí vai!
Eu fiz isso durante muitos anos e hoje percebo o quanto foi inútil. Se tivesse sido apenas inútil, tudo bem, mas ainda é uma fonte permanente de estresse, já que enfatiza tudo o que não foi feito, ou seja, está dizendo que você falhou em muita coisa!
Como algo assim tão negativo poderia render bons frutos? Não rende.
Já tentei o caminho oposto e não fiz plano algum para o ano. Passei anos maravilhosos, desfrutando das surpresas, dos acontecimentos inesperados, dos encontros e possibilidades que apareciam do nada e eu aproveitava. Aceitei convites para viagens, convites para tomar café com amigos, aceitei ficar em casa sem fazer nada, mas também aceitei que não fiz dieta, aceitei que não vi todos os shows que gostaria, e por aí foi. Melhor do que fazer listas a partir das coisas que não fiz.
Ainda assim, coisas importantes ficaram de lado. Pensei ‘Claro, é preciso ter equiíbrio, encontrar o meio termo entre planejar tudo ou nada’. Mas isso também acabou com uma teoria inútil, pois tendemos a achar que equilíbrio é encontrar o meio, fazer as coisas na mesma medida. Achei até pior pensar assim porque acumulei os dois tipos de frustrações, o da lista de ‘não fiz’, com as das coisas que simplesmente aconteceram.
Fui investigando esses incômodos internos, analisando anos passados e não cheguei à conclusão alguma, tampouco criei um método de planejamento equilibrado. Mas descobri duas coisas importantes, que transcendem a noção de tempo, mas reforçam a importância dele. Parece contraditório, mas não é.
A primeira descoberta foi o aprendizado de que é o nosso estado interno que determina tudo na vida. Como encaramos o passado, como encaramos o presente e como semeamos nosso futuro. Foi nos cursos da O&O Academy que aprendi o conceito de ‘Beautiful State’. Há outras escolas e linhas que ensinam isso, mas foi na simplicidade dos ensinamentos dessa academia de meditação e conhecimento da Índia que tudo fez sentido pra mim.
Só vivemos em dois estados. Ou num estado de estresse ou num estado de harmonia, que eles batizaram de Beautiful State. Não há um terceiro estado. Não existe estou feliz no trabalho, mas infeliz no amor. Estou sofrendo com minha saúde, mas feliz porque minha família me ama. Se existe sofrimento, estou num estado de estresse.
O ensinamento é assim mesmo, simples. Difícil foi aceitar. Comecei a observar meu estado interno e vi que, mesmo em momentos de alegria, me sentia estressada. Vi como estava condicionada e acostumada a viver permanentemente em sofrimento. Passei, então, a perguntar ‘qual é o problema?’. Muitas vezes, não havia nenhum. E quando havia, dizia ‘O que preciso fazer?’. Assim fui criando outra dinâmica para as coisas e, no fim, passei a não criar tantos problemas ou a não aumentar os já existentes. O resultado: minha lista de ‘não fiz isso, não fiz aquilo’ diminuiu. As frustrações foram reduzidas, as obrigações inúteis desapareceram.
A segunda coisa que aprendi, e que ajudou muito nesse processo de diminuir frustrações, foi a criar metas a partir de sentimentos desejados, não de objetivos ou metas. Quando a Rafa Cappai me apresentou o trabalho da canadense Danielle Laporte, um novo horizonte se abriu para mim.
Em síntese, temos uma grande lista de desejos, mas ela se baseia em alguns poucos sentimentos. No fim, quero algo para me sentir de determinada maneira. Um exemplo: eu sempre pensei que precisava ter muito dinheiro, pois queria me sentir segura em relação ao futuro. Então, segurança é um valor pra mim em vez de ter muito dinheiro.
A partir dos meus sentimentos desejados, comecei a traçar metas e a escolher ações e atitudes que me trariam real satisfação.
Resumindo: devemos planejar? Sim! Quanto e como são as variáveis que vão determinar o sucesso da empreitada.